Sensa, Minha Égua de Aço . Sensa, mijn strijdros op twee wielen
Sensa, Minha Égua de Aço Foste forjada no ano vinte e um, não por ferreiro, mas por destino algum. Com o vento de frente e o peso nas costas, rasgaste as planícies das terras compostas. Chamam-te Sensa, mas és mais do que nome, és aço que canta, és fome que some. Na Holanda de rios e céus sem montanhas, foste o meu barco, em estradas estranhas. Lá em Den Bosch, a chuva caía, e o nome era Thuisbezorgd, mas a luta era minha. Mil e duzentos quilómetros ao mês, cada entrega, um verso, cada pedal, altivez. Lembro o teu quadro firme e leal, como um cavalo num sonho medieval. As malas, as caixas, o tempo, o suor, foste comigo sem nunca clamar por favor. No silêncio dos campos onde o milho se ergue, recordo o meu avô, o seu passo, a sua perna. Foi ele quem disse: “Pedala, rapaz, uma roda é um tempo, e a outra é a paz.” Agora entendo o que nunca entendi: que andar de bicicleta é mover-se em si. Que cada cidade que entrego ou atravesso é um mapa invisível do que em mim eu confesso. És guerreira,...