Viver Leve: Entre o Silêncio e o Caminho
Viver Leve: Entre o Silêncio e o Caminho
Nos últimos anos, muita gente se afastou de mim. Alguns dizem que eu “não tenho vida” porque não tenho casa, não casei, não sigo a mesma estrada que todos parecem seguir. Às vezes, dizem-no diretamente. Outras vezes, afastam-se em silêncio. Já me prejudicaram em trabalhos por causa disso. Até familiares e amigos antigos deixaram de compreender o que faço.
Mas, se estás aqui a ler este texto, talvez queiras saber porquê eu escolho este caminho.
A verdade é simples: eu escolhi viver leve.
Não ter casa… é ter liberdade
Não ter uma casa fixa não é sinónimo de estar perdido. Para mim, significa ter mobilidade, leveza e independência. Tenho uma garagem arrendada onde guardo os meus pertences. É o meu ponto de partida. Quando trabalho, o alojamento é garantido. Quando não estou a trabalhar, posso viajar, andar pela Europa com mochila às costas, viver com o essencial.
Vivo de forma barata,não por miséria, mas por escolha. Gasto pouco para viver muito. Invisto naquilo que me alimenta verdadeiramente: comida de qualidade, tempo para pensar, silêncio para criar.
O mundo como casa
A minha casa é onde posso respirar em paz, escrever, observar, partilhar. Seja numa estação de comboio, num parque, numa cozinha emprestada ou numa cama simples através do couchsurfing. Cada lugar torna-se um espelho. Cada pessoa, um livro vivo.
Uso o tempo livre para escrever este blog, desenvolver os meus projetos, e preparar uma vida de nómada digital. Também estou a colaborar com marcas como a Nomad.nl, que promovem este estilo de vida simples, consciente e livre. Tudo o que partilho, faço-o porque vivo aquilo que digo.
Regressar ao silêncio
Volto, de vez em quando, ao meu epicentro. À minha garagem. Ou a Portugal, quando posso. É o meu ponto de recarga, onde arrumo o corpo e limpo a mente.
Não preciso de muito. Preciso de coerência. De um corpo funcional. De tempo. De escrever. De caminhar. De escutar o mundo sem o ruído das expectativas dos outros.
-- “Isso não é vida…”
Para muitos, isto não é “vida”. Para mim, é vida ao natural, sem acessórios a mais.
Se estás a ler isto e não me compreendias, espero que este texto te ajude. Não peço que concordes. Apenas que compreendas: há muitas formas de viver — a minha é esta.
Não sigo este caminho por fuga. Sigo porque é aqui que me sinto inteiro. Mesmo que seja sozinho. Mesmo que me chamem louco. Mesmo que não queiram entender.
Não procuro pena, nem aprovação. Só verdade. E silêncio.
Paulo Araújo, Refinador

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